Qual é a influência dos relatores nas decisões do Tribunal do CADE? uma abordagem econométrica para Atos de Concentração entre 2014-2023
Conteúdo do artigo principal
Resumo
Este artigo avalia, a partir de abordagem econométrica, se existe algum viés nas decisões do Tribunal do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) acerca de atos de concentração (ACs) ordinários derivado de características do(a) conselheiro(a) relator(a), tais como sexo e formação acadêmica. Para tanto, explora-se a aleatoriedade do sorteio na distribuição de relatoria. A base de dados contém, entre 2014 e 2023, uma lista exaustiva dos 114 processos conhecidos pela SG e julgados pelos 13 relatores que iniciaram seu mandato a partir de 2014, ano a partir de quando passou a vigorar o Sistema Eletrônico de Informações (SEI). No período, 70% do(as) relatores(as) do Tribunal são homens, percentual similar ao de formado(as) em Direito. A Superintendência-Geral (SG) aprovou sem restrições 47% dos ACs, dentre os quais o Tribunal manteve a decisão em 88% das vezes. Quando a recomendação foi de impugnação (53%), o Tribunal aprovou com restrições 81% dos casos. Os resultados da análise econométrica já considerando a recomendação da SG mostram que as decisões podem variar a depender das características do(a) relator(a), em particular: mulheres ou economistas possuem menor probabilidade de aprovar casos sem restrições. Tais resultados devem ser avaliados com cautela dado o tamanho reduzido da amostra.
Downloads
Detalhes do artigo

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Referências
ABRAMS, David; BERTRAND, Marianne; MULLAINATHAN, Sendhil. Do Judges Vary in Their Treatment of Race?. The Journal of Legal Studies 41(2), 347–383. 2012. Disponível em: https://poverty-action.org/sites/default/files/publications/Do%20Judges%20Vary%20in%20Their%20Treatment%20of%20Race%3F.pdf. Acesso em: 04/09/2024.
ANWAR, Shamena; BAYER, Patrick; HJALMARSSON, Randi. The impact of jury race in criminal trials. Quarterly Journal of Economics 127(2), 1017–1055. 2012. Disponível em: https://econpapers.repec.org/article/oupqjecon/v_3a127_3ay_3a2012_3ai_3a2_3ap_3a1017-1055.htm. Acesso em: 04/09/2024.
ARAUJO, Aloisio; FERREIRA, Rafael; LAGARAS, Spyridon; MORAES, Flavio; PONTICELLI, Jacopo.; TSOUTSOURA, Margarita. The labor effects of judicial bias in bankruptcy. Journal of Financial Economics, 150(2), 103720. 2023. Disponível em: https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=3757117. Acesso em: 04/09/2024.
BUTCHER, Kristin; PARK, Kyung H; PIEHL, Anne. Comparing Apples to Oranges: Differences in Women’s and Men’s Incarceration and Sentencing Outcomes. Journal of Labor Economics 35(S1), S201–S234. 2017. Disponível em: https://econpapers.repec.org/article/ucpjlabec/doi_3a10.1086_2f691276.htm. Acesso em: 04/09/2024.
CAHUC, Pierre; CARCILLO, Stéphane; PATAULT, Bérengère; MOREAU, Flavien. Judge bias in labor courts and firm performance. Journal of the European Economic Association, 22(3), 1319-1366. 2024. Disponível em: https://www.econstor.eu/bitstream/10419/227321/1/dp13794.pdf. Acesso em: 04/09/2024.
CORBI, Raphael; FERREIRA, Rafael; OLIVEIRA, Jaqueline; SOUZA, Danilo. Female judges and in-group bias in labor courts. Economics Bulletin, 41(3), 1313-1321. 2021. Disponível em: https://www.accessecon.com/Pubs/EB/2021/Volume41/EB-21-V41-I3-P111.pdf. Acesso em: 04/09/2024.
DE MACEDO, Tatiana Nogueira Lima. Está faltando competição no cade? Uma averiguação preliminar das razões para a sub-representação feminina no tribunal do CADE. Revista IBRAC, 29(1), 43–62. 2024. Disponível em: https://doi.org/10.5281/zenodo.11537685. Acesso em: 04/09/2024.
HOEKSTRA, Mark; STREET, Brittany. The Effect of Own-Gender Juries on Conviction Rates. Working Paper No. 25013, National Bureau of Economic Research. 2018. Disponível em: https://www.nber.org/system/files/working_papers/w25013/w25013.pdf. Acesso em: 04/09/2024.
KNEPPER, Matthew. When the shadow is the substance: judge gender and the outcomes of workplace sex discrimination cases. Journal of Labor Economics 36(3), 623–664. 2018. Disponível em: https://ideas.repec.org/a/ucp/jlabec/doi10.1086-696150.html. Acesso em: 04/09/2024.
LIM, Clair; SILVEIRA, Bernardo; SNYDER, James. Do judges’ characteristics matter? ethnicity, gender, and partisanship in texas state trial courts. American Law and Economics Review 18(2), 302–357. 2016. Disponível em: http://www.bernardosilveira.net/resources/Lim_Silveira_Snyder_2016.pdf. Acesso em: 04/09/2024.
PHILIPPE, Arnaud. Gender disparities in criminal justice. TSE Working Paper No. 17-762, Université Toulouse 1 Capitole. 2017. Disponível em: https://publications.ut-capitole.fr/id/eprint/22892/1/Philippe_22892.pdf. Acesso em: 04/09/2024.
SCHANZENBACH, Max. Racial and Sex Disparities in Prison Sentences: The Effect of District-Level Judicial Demographics. The Journal of Legal Studies 34(1), 57–92. 2005. Disponível em: https://www.scholars.northwestern.edu/en/publications/racial-and-sex-disparities-in-prison-sentences-the-effect-of-dist. Acesso em: 04/09/2024.
SHAYO, Moses; ZUSSMAN, Asaf. Judicial ingroup bias in the shadow of terrorism. Quarterly Journal of Economics 126(3), 1447–1484. 2011. Disponível em: https://econpapers.repec.org/article/oupqjecon/v_3a126_3ay_3a2011_3ai_3a3_3ap_3a1447-1484.htm. Acesso em: 04/09/2024.