Está faltando competição no CADE? Uma averiguação preliminar das razões para a sub-representação feminina no tribunal do CADE

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Tatiana de Macedo Nogueira Lima

Resumo

Desde que entrou em vigência a Lei n.º. 12.529, de 2011, cinco mulheres e dezoito homens atuaram no Tribunal do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE). Este artigo apresenta as principais causas estudadas na literatura relativa à inserção feminina no mercado de trabalho considerando-se sua sub-representação no topo das hierarquias ocupacionais. Analisa-se se essas causas poderiam ser motivos para a reduzida quantidade de mulheres no Conselho. Para essa análise, também foram coletados
dados de características das pessoas que compuseram o Conselho e das que compõem a comunidade antitruste, tanto na iniciativa privada quanto no setor público. Considerandose a literatura estudada, padrões comportamentais femininos relacionados à aversão ao risco, as reações masculinas a comportamentos assertivos de mulheres, assim como a dificuldade masculina de aferir qualidades não objetivas nas mulheres parecem prejudicá-las na conquista dessas posições. É possível, contudo, empreender políticas com o fim de diminuir os entraves à participação de mulheres no Conselho.

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Como Citar
Lima, T. de M. N. (2024). Está faltando competição no CADE? Uma averiguação preliminar das razões para a sub-representação feminina no tribunal do CADE. Revista Do IBRAC, (1), 51–71. Recuperado de https://revista.ibrac.org.br/index.php/revista/article/view/254
Edição
Seção
Artigos para Revista do IBRAC
Biografia do Autor

Tatiana de Macedo Nogueira Lima

Mestre e Doutora em Economia pela Universidade de São Paulo. Especialista em políticas públicas e
gestão governamental do Ministério do Planejamento e está lotada no Conselho Administrativo de Defesa Econômica. Economista Adjunta no Departamento de Estudos Econômicos (DEE/CADE).

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